sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Energia eólica decepciona no combate à emissão de gases do efeito estufa

Já diria o Doutor Oliveira Fernandes:
"Se você sabe um pouco sobre algum assunto, não leia sobre este assunto nos jornais..."




O prefeito esta contente: cinco aerogeradores de 135 m de altura se erguem na planície. No início de fevereiro, a comuna de Saint-André-Farivillers (Oise, ao norte de Paris) viu as hélices do seu novo parque eólico, de uma potência de 11,5 megawatts (MW), começarem a girar. Uma vez que a companhia que explora este sistema, a Enertrag France, pagará a cada ano para a comuna cerca de 700 euros - R$ 1.780 - por MW, o prefeito Claude Le Couteulx prevê um faturamento de cerca de 40.000 euros (pouco mais de R$ 1,018 milhão) em receita extra.

"Temos duas usinas que custam 60.000 euros (R$ 1,527 milhão)", diz o prefeito. "O novo recurso é bem-vindo. Eu não tenho nenhum terreno de futebol para os jovens. A sinalização é algo que custa os olhos da cara: nós vamos instalar um grande painel com um mapa na entrada da vila. E ainda poderemos continuar a reforma dos vitrais da nossa igreja do século 15. Além disso, com os aerogeradores ou turbinas eólicas, nós tivemos de ampliar as estradas da comunidade em quatro metros, e vamos precisar garantir a sua manutenção". O prefeito também pretende ajudar os mais pobres dos seus 550 administrados a pagarem pela renovação do saneamento básico individual da sua casa, que é obrigatória.

O projeto, que foi encampado com entusiasmo pelo prefeito, não suscitou praticamente nenhuma crítica na vila. A Enertrag, que investiu 16 milhões de euros (R$ 40,72 milhões) no parque eólico, espera uma rentabilidade média que ultrapasse 10% por ano.

Georges Gobet/AFP - 25.jan.2006
Conjunto de turbinas eólicas gera energia perto da vila medieval de Avignonet de Laugrais

O desenvolvimento da energia eólica representa um bom negócio, tanto para as comunas quanto para as companhias que o empreendem. Embora a eletricidade produzida pelo vento esteja entre as mais caras, a sua rentabilidade está garantida por uma taxa incluída nas contas de todos os assinantes. O objetivo é incentivar o crescimento desta energia renovável.

Mas será que aquilo que é bom para as comunas e para as empresas também é benéfico para a coletividade? Os aerogeradores serão mesmo um meio eficiente de lutar contra o aquecimento climático? A resposta parecia ser, evidentemente, sim. Isso até a publicação de um estudo realizado pela Federação do Meio Ambiente Sustentável(http://environnementdurable.net), a qual agrupa associações que se opõem aos aerogeradores, que vem arremessar um tijolo na vidraça do ecologicamente correto.

O autor do estudo, Marc Lefranc, vice-presidente da federação, comparou a evolução das emissões de CO2 (gás carbônico), o principal gás do efeito estufa, dos países que mais desenvolveram os aerogeradores na Europa. Uma vez que os aerogeradores não emitem CO2, esses países deveriam apresentar um balanço particularmente favorável.

Contudo, os números do serviço europeu de estatísticas Eurostat mostram que a Alemanha, apesar de possuir um parque eólico de mais de 18.000 MW, não viu as emissões de CO2 por habitante, provenientes do setor da energia, diminuirem, mas, ao contrário, aumentarem em 1,2%, entre 2000 e 2005. A Espanha, com mais de 10.000 MW, conheceu um aumento de 10,4% da sua produção de CO2 no mesmo período.

A Dinamarca, campeã mundial dos aerogeradores, considerando-se a sua população reduzida, registra uma diminuição de 11% da sua produção de CO2. Mas, de fato, como observa Marc Lefranc, a duplicação das importações de eletricidade da Dinamarca explica em grande parte este bom resultado. No total, segundo o documento, o desenvolvimento da energia eólica apresenta um balanço "muito decepcionante do ponto de vista econômico e ambiental".

Mas é preciso levar em conta as circunstâncias. A Espanha conheceu de fato um desenvolvimento econômico muito importante, que gerou uma expansão considerável do consumo de eletricidade. A Alemanha incorporou a sua parte oriental, cujo consumo de eletricidade aumentou substancialmente em função do seu esforço para alcançar o nível da parte ocidental. Nesse contexto, é importante se perguntar se, sem aerogeradores, as suas emissões não teriam sido ainda mais elevadas.

Mas o estudo coloca em destaque uma questão que, de maneira surpreendente, foi negligenciada pelas instituições ligadas ao setor energético: em qual medida a energia eólica pode reduzir as emissões de CO2? A Agência Internacional da Energia (AIE) permanece muda a este respeito; a Agência do Domínio da Energia (Ademe) não fornece resposta alguma. Uma análise chegou a ser realizada indiretamente, na França, pela Rede de Transporte de Eletricidade (RTE), em relação ao problema da inconstância no fornecimento de eletricidade pelos aerogeradores. Isso pode obrigar a recorrer a centrais térmicas quando os picos de consumo, durante o inverno, se combinam com a ausência de vento. De fato, como observou a RTE em 2007, em seu relatório de perspectivas, as "demandas de potência a serem atendidas pelos equipamentos térmicos" vêm aumentando "de maneira cada vez mais conseqüente à medida que o parque eólico vai crescendo".

Os especialistas favoráveis à energia eólica encontram dificuldades para responder à pergunta colocada pelo estudo da Federação do Meio Ambiente Sustentável. "Se o consumo aumenta quando a população aumenta, isso acaba absorvendo o pequeno ganho permitido pela energia eólica", observa Pierre Radanne, um especialista independente. "Com certeza, se esforços não forem realizados para economizar energia, a energia eólica não servirá para nada", diz Raphaël Claustre, diretor do Centro de Interligação das Energias Renováveis.

"Reduzir os diversos tipos de consumo"
De fato, a energia eólica não tem sentido a não ser no quadro de uma política global de energia que vise a dominar o consumo de eletricidade: "A primeira coisa a fazer é reduzir os diversos tipos de consumo", comenta Jean-Louis Bal, encarregado das energias renováveis na Ademe, "mas ninguém se habilita a fazê-lo".

Este raciocínio é confirmado por Jean-Marc Jancovici, engenheiro e membro do comitê de vigilância ecológica da Fundação Nicolas Hulot: "O que se verifica na Alemanha e na Espanha é que o fato de dispor de energias renováveis em maiores quantidades não significa necessariamente um uso menor de combustíveis fósseis. De fato, os promotores da energia eólica vêm fazendo o mesmo que os promotores da energia nuclear: eles incentivam uma política de oferta, ao passo que é uma política da demanda que se revela necessária. Com isso, mais vale convencer a sociedade a aceitar um aumento do preço da eletricidade, que a motivará a reduzir o consumo, do que desenvolver a energia eólica".

Enquanto está prevista uma produção de 7.000 MW de energia eólica na França em 2012, o parque de centrais térmicas a gás deverá também aumentar em cerca de 10.000 MW. Um exemplo deste paradoxo pode ser encontrado perto de Saint-Brieuc (Côtes-d'Armor, Bretanha), onde a companhia Gaz de France planeja a construção de uma central a gás de 232 MW enquanto a Poweo prepara um parque eólico de uma potência comparável no mar. Uma expertise que foi realizada a pedido dos eleitos mostrou que com isso, haverá muito mais energia do que o departamento realmente precisa.

"Os aerogeradores me lembram muito os biocombustíveis da primeira geração", explica Marc Lefranc. "No começo, todos pensavam que eles representavam um avanço; mais tarde, quando foi feito o balanço ambiental, todos se deram conta de que os seus supostos benefícios eram muito discutíveis. Em relação à luta contra a mudança climática, a primeira coisa a ser feita é implantar as técnicas de economias de energia. Então, numa segunda etapa, será preciso hierarquizar as energias renováveis para investir com bom senso".


Fonte: Le Monde

sexta-feira, 15 de junho de 2007

Decisão da diretoria mantém multa aplicada a Eletrobrás

A Aneel manteve a multa de R$ 11,9 milhões aplicada à Centrais Elétricas Brasileiras S/A (Eletrobrás) em conseqüência da má gestão dos recursos arrecadados pela Conta de Consumo de Combustíveis(CCC). A diretoria negou esta semana recurso apresentado pela empresa. A deliberação da Aneel esgota a possibilidade de recurso na esfera administrativa.

A estatal, gestora da Conta, foi punida após fiscalização da Agência constatar a compra de combustíveis, coberta com recursos da CCC, a preços acima das médias do mercado nacional, o que acarretou aumento do custo de geração de energia nos Sistemas Isolados.

Na reunião pública, a diretoria decidiu também reiterar a sugestão, encaminhada por ofício ao Ministério de Minas e Energia em fevereiro deste ano, de revisar a regulamentação em vigor com o objetivo de atribuir a competência da administração e gerência dos recursos da CCC a outro órgão. No documento, a diretoria alerta para a possível existência de conflito de interesse, uma vez que a Eletrobrás, além de gestora da Conta é controladora de diversas concessionárias. Tal sugestão visa a contribuir para a melhoria e o aperfeiçoamento contínuo da gestão da CCC e para a redução dos valores da conta, com impacto nas tarifas de energia de todo o país.

A CCC é um encargo pago por todos os consumidores para subsidiar a compra de combustíveis fósseis (óleo diesel, por exemplo) para geração térmica nos sistemas isolados, principalmente na região Norte. A Agência estabeleceu o valor de R$ 2,8 bilhões para a quota da CCC para 2007, montante 36,6% inferior em relação a 2006.

Fonte: Boletim Energia da Aneel

quinta-feira, 14 de junho de 2007

EPE habilita 87 empreendimentos para Leilão de Fontes Alternativas

A Empresa de Pesquisa Energética – EPE encerrou o processo de habilitação técnica de empreendimentos para o Leilão de Energia de Fontes Alternativas, que ocorrerá na próxima segunda-feira (18/06). Foi habilitado tecnicamente para o processo um conjunto de 87 usinas, com potência instalada total de 2.803 MW. A licitação – a primeira deste tipo que é realizada no país – será destinada a comercializar energia elétrica proveniente de três tipos de fontes: hídrica a partir de pequenas centrais hidrelétricas (PCHs), térmica à biomassa e eólica.

Dos empreendimentos habilitados tecnicamente pela EPE, 54 usinas são de PCHs, que juntas representam 844 MW de capacidade de geração. As usinas termelétricas movidas a bagaço de cana-de-açúcar e rejeitos de criadouros avícolas totalizam 24 habilitações, com potência de 1.019 MW. Nove usinas movidas pela força dos ventos, com potência de 939 MW, obtiveram habilitação.

O Leilão de Energia de Fontes Alternativas é o primeiro deste tipo promovido no país, e será realizado através da rede mundial de computadores. A energia negociada no processo será destinada ao atendimento do mercado das empresas distribuidoras de energia elétricas, que participarão como compradoras. Essas empresas firmarão Contratos de Comercialização de Energia em Ambiente Regulado (CCEAR) com os empreendedores que obtiverem êxito na negociação. Os CCEAR, válidos a partir de 2010, terão vigência de 30 anos para as PCHs e de 15 anos para as térmicas à biomassa e centrais eólicas.

Fonte: EPE

terça-feira, 5 de junho de 2007

Investimento nuclear é questão estratégica

Especialistas ouvidos pelo G1 afirmam que energia brasileira pode vir de outras fontes. Segundo eles, governo gerencia mal o setor energético.

A dificuldade em obter licenças ambientais para novas hidrelétricas e o risco de um novo apagão daqui a cerca de três anos fez o governo federal anunciar neste mês a retomada da construção da usina nuclear de Angra 3. Anteriormente, o presidente Lula já havia manifestado que não hesitaria em adotar essa forma de energia caso continuasse a ter problemas com hidrelétricas. O G1 ouviu especialistas no assunto que defendiam pontos de vista diferentes. Em comum, a visão de que a decisão de investir no setor é baseada mais por motivos estratégicos e tecnológicos do que por uma demanda energética que não possa ser cumprida por outras fontes.

A energia nuclear era, no passado, considerada uma forma de geração de eletricidade cara demais e suja demais. Mas com a crescente alta nos preços do petróleo e do gás natural, a questão do preço passou a ser menos relevante. O lixo nuclear também passou a ser encarado de outra forma, com a revisão das tecnologias de reprocessamento de resíduos, e com a disseminação da visão de que não há nenhuma forma de gerar energia 100% limpa.

Para completar o “renascimento” da energia nuclear, há a questão do efeito estufa. Usinas nucleares não emitem dióxido de carbono e, portanto, não contribuem para o aquecimento global. “Todos esses pontos têm reposicionado a opinião mesmo de ambientalistas que antes eram visceralmente contra a energia nuclear. Estamos passando por um momento de revisão”, afirmou ao G1 Aquilino Senra Martinez, professor do Programa de Energia Nuclear da Coppe (Coordenação dos Programas de Pós-graduação de Engenharia), da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).

O governo defende que a energia nuclear pode suprir a demanda energética que o Brasil necessita para evitar a falta de eletricidade daqui a cerca de três anos. Os especialistas, no entanto, discordam dessa necessidade.

“Para países que não tem recursos naturais, como França e Japão, a energia nuclear pode ser considerada. O Brasil tem outras opções”, afirma o físico José Goldemberg, do Instituto de Eletrotécnica e Energia da USP (Universidade de São Paulo). “O Brasil pode produzir energia equivalente à de dez reatores nucleares se terminar uma série de hidrelétricas que estão em diversos estágios de construção. Não entendo porque isso não anda. Se o governo federal está preocupado com a questão, deveria acelerar a finalização dessas obras, que já têm licença ambiental”, critica Goldemberg.

O coordenador de Planejamento Energético da Coppe, Luiz Pinguelli Rosa, concorda. “Não acho que a energia nuclear seja uma boa alternativa. É um erro histórico”, afirma. “O próprio Painel Intergovernamental para Mudança Climática da ONU falou em seu último relatório que mesmo com o aumento da preocupação com o efeito estufa, a produção de energia nuclear só deve aumentar de 2% a 3% no mundo até 2030. Isso é muito pouco, não é nada. Porque não vale a pena investir nesse tipo de tecnologia”, diz Pinguelli, que também critica o governo. “O Brasil está gerenciando muito mal o setor energético.”

Para o professor Martinez, no entanto, o Brasil não tem escolha a não ser investir na geração nuclear. “Precisamos ter uma matriz energética diversificada. Não podemos colocar todos os nossos ovos no cesto das hidrelétricas”, defende. O próprio Martinez, entretanto, afirma que há duas outras questões muito fortes envolvidas no projeto nuclear brasileiro.


Estratégia

Em primeiro lugar, se o Brasil não investir em tecnologia nuclear ele corre o risco de perder importantes conhecimentos técnicos sobre o assunto. “Temos a experiência acumulada nesse setor por causa da construção de Angra 1 e Angra 2. Se nada for feito nos próximos anos, essa experiência se perde. E depois para reconstruí-la tem um custo alto”, diz Martinez. “Precisamos preservar essas equipes técnicas de projeto de engenharia de usinas nucleares.”

Em segundo lugar, há uma séria questão de diplomacia internacional envolvida. O Brasil brigou muito nos organismos internacionais para ter direto à tecnologia de enriquecimento de urânio -– que só é dominada por nove países. Signatário do tratado de não-proliferação de armas nucleares e proibido pela Constituição de ter armamentos do tipo, o país defendeu arduamente que queria a tecnologia para uso nos reatores de Angra 1, 2 e 3. “Se não temos nem Angra 3, nem Angra 1 e Angra 2, não temos porque ter nada disso”, afirma Aquilino Martinez.

Seu colega de Coppe, Pinguelli Rosa concorda que a posição brasileira deve ser uma questão mais estratégica do que uma preocupação ambiental e defende o posicionamento do Ministério do Meio Ambiente com relação às hidrelétricas. “Defendo o rigor da ministra Marina Silva e do secretário Capobianco e não acredito que essa história tenha algo a ver com meio ambiente”, diz ele.


Gerenciamento da crise

Ex-presidente da Eletrobrás, Pinguelli faz duras críticas à posição do governo com relação às políticas energéticas. “Reina uma ilusão no Brasil de que é melhor a Eletrobrás, por ser estatal, não fazer nada para que a iniciativa privada resolva os problemas. Mas isso não está dando certo. A iniciativa privada não está dando conta. Quem faz mais pelo petróleo no Brasil? A Petrobrás”, afirma o professor.

Para José Goldemberg, se o governo simplesmente administrar melhor a situação, a demanda energética será suprida. “Hidrelétricas no Rio Madeira não são a única solução. Estão colocando a questão como se fosse uma escolha de Sofia, ou você tem energia ou tem o Madeira, e não é verdade. Mesmo que essas obras ali fossem iniciadas amanhã, as usinas só estariam prontas daqui seis ou sete anos. Isso não vai resolver nosso problema de falta de energia daqui a três anos”, afirma.

O físico da USP também afirma que outras opções podem dar conta da demanda, se forem bem administradas. “Aqui em São Paulo a produção de cana-de-açúcar está expandindo muito, por causa do programa do etanol. E à medida que aumenta a produção de cana, os donos das usinas estão se dando conta que é possível produzir energia elétrica com o bagaço”, conta ele. “Aqui no estado de São Paulo quase 2 milhões de quilowatts de eletricidade já estão sendo produzidos dessa forma. E o potencial que existe é de 5 milhões de quiilowatts”, sugere.


Termelétricas

Em uma coisa, Martinez, Goldemberg e Pinguelli concordam plenamente: a opção de usar termelétricas a carvão, levantada por alguns críticos à postura do Ministério do Meio Ambiente sobre as hidrelétricas, não pode sequer ser levada a sério. Em primeiro lugar, porque esse tipo de usina é altamente poluente, e aumenta os efeitos do aquecimento global. Em segundo, porque não é inteligente investir em carvão no momento.

“Não acredito que um dia o petróleo vá acabar. Ele simplesmente vai ficar tão caro que não vai poder ser usado mais. O mesmo vai acontecer com o carvão. Não vale a pena investir nisso”, diz Martinez.

Fonte: G1

terça-feira, 29 de maio de 2007

Dia Mundial da Energia

Hoje se comemora o dia mundial da energia! Surpreendentemente, no tempo das "verdades inconvenientes" acerca do aquecimento global (que parece ter esquecido de Portugal), a data passa despercebida pelos meios de comunicação em todo o mundo.

Apesar dos elevados preços do petróleo e do gás, o ’Energy Outlook 2007’ refere que a procura mundial de energia vai continuar a aumentar. As previsões apontam que oconsumo mundial de energia vai crescer 57% entre 2004 a 2030, sobretudo através da procura dos países fora da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económicos (OCDE).

O dia mundial da energia passaria por mim também, não fosse o único leitor desse blog ter-me lembrado. Obrigado António Santos pela lembrança! É inspirado nesse engenheiro/surfista do Dique de Cabedelo que posto hoje algumas reflexões sobre a energia das ondas.

A geração de energia elétrica a partir das ondas do mar ainda não se encontra num estágio competitivo economicamente. Existem vários tipos de sistemas de aproveitamento, em diversos níveis de desenvolvimento, o que eleva em muito as incertezas acerca de qual delas será a mais vantajosa técnica e economicamente. No entanto, dada a evolução do setor energético europeu e a popularização das fontes renováveis de energia, têm-se observado um crescente interesse nesse tipo de aproveitamento energético, e Portugal tenta tomar a ponta nesse campo com o projeto da Ilha do Pico nos Açores.

O projeto na ilha do Pico é da tecnologia Coluna de Água Oscilante e funciona como representado na figura abaixo:


Fonte: Associação Bandeira Azul da Europa


Abaixo encontra-se um quadro resumo das várias tecnologias de energia das ondas com as respectivas empresas promotoras:


Estima-se que o potencial energético no Brasil cresça de 15 a 33kW/m ao longo da costa desde São Mateus no Espírito Santo até Porto Alegre no Rio Grande do Sul. Isso significa que em cada metro de frente de onda passa a potência de 33kW ou ainda em 1km de frente de onda tem-se 33MW. Já em Portugal, o potencial energético cresce de aproximadamente 33 até 46kW/m ao longo da costa do sul para o norte, um valor bastante apreciável!

Para saber mais sobre a energia das ondas visite a página do Núcleo de Estudantes de Oceanografia da Universidade dos Açores.

segunda-feira, 28 de maio de 2007

Estado apóia instalação da primeira usina eólica da PB


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Serão instalados 45 aerogeradores de energia
Governo do Estado se empenha por instalação da primeira usina eólica da Paraíba.

O Governo do Estado oferecerá incentivos fiscais sobre o ICMS e apoio, através da Sudema, do DER e do Interpa a empresários alemães e austríacos que estão investindo na instalação da Usina Eólica Vale dos Ventos, nos municípios litorâneos de Mataraca e Rio Tinto. O empreendimento é da Pacific Hydro Internacional, empresa Australiana especializada em energia renovável obtida de água e ventos.

A Vale dos Ventos Central Geradora S/A, terá potência de 45 Mega Watts. Serão instalados 45 aerogeradores de energia. A Pacific Hydro Internacional, chegou ao mercado brasileiro com a aquisição em 100% da SÉS – Soluções de Energias Sustentáveis Ltda, com sede em Natal-RN.

Os empresários estão firmando parceria com o Governo do Estado, no sentido de viabilizar o empreendimento que além de energia eólica, limpa, sem agredir o meio ambiente, vai gerar empregos.

Na tarde desta terça-feira (15), o secretário chefe da Casa Civil, Carlos Dunga, manteve reunião com diretor da Pacific Hydro, Ralf Kynast, e o gerente de Desenvolvimento, Fabiano Nagashima. O Instituto de Terras da Paraíba fará avaliação técnica para efeito de indenização das propriedades atingidas pela Usina de Energia Eólica Vale dos Ventos e sua respectiva linha de transmissão localizada em Mataraca e Rio Tinto.

O Governo do Estado solicitará ao Departamento Nacional de Infra-Estrutura em Transportes (Dnit) a concessão de faixa de utilização na BR-101, quilômetros 27 e 33. O Departamento de Estradas e Rodagens da Paraíba, por sua vez, vai procurar fazer o mesmo em relação à PB-065, estrada Millenium. Nesses dois trechos a Linha de Transmissão (LT) seguirá às margens das respectivas rodovias.

A Pacific Hydro também pleiteia junto ao Governo do Estado o empenho da Sudema na análise do projeto para licenciamento prévio e de instalação da LT e emissão da licença de desmatamento para a implantação da UEE e LT. Ao IBAMA está sendo solicitado pelo Grupo Pacific Hydro a análise do impacto em área de amortecimento na reserva dos Guaíras bem como chegada à subestação Rio Tinto, que está dentro de uma APA – Área de Preservação Ambiental.

Fonte: www.paraiba.gov.br

terça-feira, 22 de maio de 2007

Assim fica difícil...

Em 2003 o novo governo brasileiro lançou o programa "Luz Para Todos" tendo como objetivo antecipar para 2008 as metas (estipuladas pela ANEEL para 2015) da universalização do acesso aos serviços de eletricidade. O programa é financiado com recursos provenientes da Conta de desenvolvimento energético - CDE e da Reserva Global de Reversão - RGR que são encargos pagos por empresas do setor elétrico e imbutidos na tarifa de eletricidade paga pelos consumidores.

A CDE é um encargo setorial, estabelecido em lei, e pago pelas empresas de distribuição, cujo valor anual é fixado pela ANEEL com a finalidade de prover recursos para o desenvolvimento energético dos estados, para viabilizar a competitividade da energia produzida a partir de fontes eólicas (vento), pequenas usinas hidrelétricas, biomassa, gás natural e carvão mineral nas áreas atendidas pelos sistemas elétricos interligados, e levar o serviço de energia elétrica a todos os consumidores do território nacional (universalização).

A RGR é um encargo pago mensalmente pelas empresas de energia elétrica, com a finalidade de prover recursos para reversão e/ou encampação, dos serviços públicos de energia elétrica. Tem, também, destinação legal para financiar a expansão e melhoria desses serviços, bem como financiar fontes alternativas de energia elétrica para estudos de inventário e viabilidade de aproveitamentos de novos potenciais hidráulicos, e para desenvolver e implantar programas e projetos destinados ao combate ao desperdício e uso eficiente da energia elétrica.

Segundo cálculos ilustrativos da “Agenda Elétrica Sustentável 2020” da ONG WWF, com o dinheiro que foi parar no Ministério de Minas e Energia (ver notícia abaixo), daria para efetuar a troca de 100 geladeiras antigas por outra mais eficiente, o que resultaria em uma economia de 21 433MWh por ano. E isto "apenas" com R$ 100 mil! Dinheiro que coube dentro de um envelope pardo.

O alto custo de produção de energia através de fontes alternativas é o maior impedimento para a proliferação deste tipo de tecnologias no Brasil. Este impedimento só pode ser ultrapassado através de instrumentos de política que apoiem o uso destas fontes. É triste ver onde está indo parar este incentivo no Brasil.

Mário Araújo Neto


"Tenho biografia a zelar", diz Rondeau após reunião de meia hora com Lula

O presidente Lula teve ontem de manhã em Assunção uma reunião a sós, de cerca de 30 minutos, com Silas Rondeau. O ministro deixou o encontro muito abalado, segundo apurou a Folha. Anteontem à noite, Lula assistiu, no Paraguai, à reportagem do "Fantástico", da TV Globo, com as gravações que mostram uma integrante do esquema desbaratado pela Operação Navalha levando uma mala que conteria R$ 100 mil ao ministério comandado por Rondeau. O dinheiro seria propina para que a construtora Gautama fosse escolhida para efetuar obras do programa "Luz Para Todos", abrigado no Ministério de Minas e Energia.
No palácio do governo paraguaio, Lula se negou a falar sobre o caso de Rondeau, peça-chave da visita -ele assinou um acordo de incentivo à produção de biococombustíveis no Paraguai, antes de seguir para a cerimônia de inauguração de duas novas turbinas de Itaipu.
A entrevista foi prematuramente interrompida. Só a Folha e dois jornalistas paraguaios puderam questionar Lula. A coletiva foi encerrada antes de uma quarta pergunta, que seria feita pela TV Record. Questionado sobre Rondeau, Lula afirmou: "Essa é uma das coisas que aprendi com o [ex-] presidente Chirac: a gente não discute problemas internos de um país quando está em outro.
Daqui a três ou quatro horas estarei no lado brasileiro de Itaipu, e quem sabe aí vocês poderiam fazer quantas perguntas quisessem sobre a Operação Navalha". Em Foz do Iguaçu, porém, ele não deu entrevistas.
Rondeau falou com a imprensa nos dois lugares. Em Assunção, afirmou desconhecer acusações contra ele. "Isso não existe. Voltarei ao Brasil e tratarei disso lá." Disse ser vítima vítima de um "prejulgamento", que qualificou de "coisa horrível". Deixou em aberto a possibilidade de deixar o ministério. "Acho isso um processo extremamente nocivo. Cabe realmente a todo ritual da Justiça confirmar e esclarecer, mas não posso me deixar envolver.
Tenho uma história e uma biografia a zelar, que estão acima do cargo, de tudo."
Em Foz do Iguaçu, Rondeau disse que marcou uma audiência com Lula para hoje. "Determinei uma auditoria especial e estamos abrindo um processo administrativo disciplinar. Se houve incúria, os responsáveis serão punidos."
Responsável pela indicação do ministro, o senador José Sarney (PMDB-AP) o defendeu. "Considero as investigações de grande relevância. Mas creio na inocência do Silas, ele tem uma vida série e honesta."
Amigos do ministro, porém, levantam dúvidas sobre o inquérito da PF. Alegam que os agentes trabalham somente com suposições e que não há nenhuma prova contra ele.
O ministro Tarso Genro (Justiça), responsável pela PF, afirmou que "não há nenhuma prova física de entrega e de comprometimento presencial do ministro", contestando parte do relatório da polícia.
Disse ainda não haver uma lista de políticos com relação de propinas. Segundo ele, a relação encontrada pela PF nos escritórios da Gautama refere-se a pessoas que receberam brindes da empreiteira.
Durante seminário em Belo Horizonte, os dois últimos antecessores de Lula defenderam o afastamento de Rondeau. "O presidente da República tem que ser direto. Se tem gente que é ministro e está sendo questionado, tem que tomar medidas", afirmou Fernando Henrique Cardoso. "Caberia ao ministro sair, se defender fora do governo e, inocente, voltar", disse Itamar Franco.


Fonte: Agência Folha