segunda-feira, 26 de fevereiro de 2007

Toma cachaça Tio Sam!

BUSH PLANEJA PARCERIA COM BRASIL PARA OPEP DO ETANOL

A grande iniciativa que o presidente George W. Bush quer lançar no Brasil está sendo chamada de mercado hemisférico de etanol. A idéia, gestada dentro do Departamento de Estado, é expandir a produção de etanol em vários países da América Latina, principalmente no Caribe e na América Central, para garantir um fornecimento estável do biocombustível. Trata-se de uma Opep do etanol. Para isso, Brasil e Estados Unidos devem fechar parcerias, com participação da iniciativa privada, para instalar usinas de etanol em países da América Central.

O homem-chave por trás dessa estratégia é Greg Manuel, conselheiro de Condoleezza Rice para assuntos internacionais de energia. Desde que entrou no Departamento de Estado, em outubro, ele esteve seis vezes no Brasil. Jovem, Manuel aposta em incubadoras e parcerias público-privadas para criar o mercado hemisférico de etanol.

"Já que não saiu a Alca, vamos de álcool", diz Brian Dean, diretor-executivo da Comissão Interamericana de Etanol (CIE). Brian foi diretor da Florida FTAA, grupo que fazia o lobby para que os EUA fossem a sede da Alca. Agora, com a Alca natimorta, Dean cuida da CIE, cujos titulares são o ex-governador da Flórida Jeb Bush, o presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Luis Alberto Moreno, e o ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues.

A comissão, que se reúne regularmente com o Departamento de Estado, está fazendo um levantamento sobre produção de etanol e cana-de-açúcar nos diversos países da América Latina. Segundo Dean, países como Guatemala, El Salvador, Honduras, Nicarágua e República Dominicana são bastante promissores para abrigar usinas e expandir a produção de etanol.

Manuel não detalha muito o plano de parceria de etanol que será apresentado na viagem de Bush. Mas, a interlocutores, afirmou que o foco é a expansão regional da produção, com muita participação do setor privado. Ele mencionou também a possibilidade de parcerias público-privadas para investimento em infra-estrutura de etanol no Brasil, como alcooldutos e investimentos cruzados nos dois países.

"É uma enorme oportunidade. O hemisfério ocidental gasta 7,2% de seu PIB importando petróleo e alguns países são muito vulneráveis, como a República Dominicana, que gasta quase 20% de tudo o que produz importando petróleo", diz Manuel. "Isso não é sustentável, todos esses países precisam investir em sua produção doméstica." Segundo ele, do ponto de vista geopolítico, "é importantíssimo" diversificar as fontes de fornecimento de energia. "É importante ter como fonte de fornecimento todos os nossos amigos no exterior, e esses nossos amigos também sofrem, eles nem sempre têm a petrodiplomacia a seu favor."

Juntos, Brasil e EUA produzem 72% do etanol mundial. A grande reivindicação brasileira sempre foi a abertura do mercado americano ao biocombustível brasileiro. Hoje, o etanol do Brasil paga imposto de importação de US$ 0,54 por galão. Mas uma redução na tarifa não será oferecida por Bush em março. "As tarifas não estão sobre a mesa de negociações", disse Manuel. "Muitos países com os quais estamos falando sobre esse mercado global vêem o acesso ao mercado americano como uma vantagem adicional, não uma condição essencial; mesmo sem acesso ao mercado americano, há muitas oportunidades."

A discussão de retirada de tarifas não é factível politicamente neste momento, por causa do forte lobby dos produtores de milho e o enfraquecimento dos republicanos no Congresso. Mas, a longo prazo, os americanos querem expandir as fontes de fornecimento de etanol, porque sabem que a produção doméstica de milho não vai dar conta da demanda e o etanol celulósico vai levar pelo menos uma década para ser viável economicamente. Bush estabeleceu a meta de reduzir o consumo de gasolina em 20% até 2017, o que significa um aumento de 132,4 bilhões de litros de combustíveis alternativos. Hoje em dia, a produção americana de etanol (de milho) é de 20,4 bilhões de litros.

Dentro da parceria energética, Bush e Condoleezza também vão discutir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a cooperação em pesquisa e desenvolvimento, para aumentar a produtividade das lavouras e criar grãos geneticamente modificados mais adequados para produção de etanol. E ainda devem debater a uniformização de normas para a criação do mercado de commodities energéticas.

Fonte: Agencia Estado

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2007

Debate em SP sobre alternativa às energias utilizadas


SP sedia evento sobre energia eólica, no dia 28 de fevereiro

Depois da saída do relatório do IPCC (Painel Intergovernamental de Mudança do Clima), onde a utilização desordenada de recursos naturais e a crescente poluição da terra pelo homem que levam ao aquecimento global foram os principais assuntos, o homem começa a rever seus conceitos e começa a pensar em novas maneiras de manter o funcionamento do mundo que conhecemos sem chegarmos a total destruição do planeta.

Já em utilização em terras brasileiras, a energia eólica, que utiliza os ventos como forma de fonte energética alternativa será o assunto de seminário promovido pelo IIR-Institute for International Research, no dia 28 de fevereiro, no Park Plaza Hotel, na cidade de São Paulo.

Serão temas das palestras a Análise do cenário mundial de energia eólica e as projeções em longo prazo; Principais parques eólicos implementados no Brasil; Vantagens e benefícios da energia eólica na matriz energética; Contabilização e liquidação da energia eólica no Brasil; Estratégias para a comercialização da energia eólica e atratividade do MDL para a geração eólica no Brasil.

O evento, contará com a participação de Everaldo Feitosa, vice-presidente da WWEA - Associação Mundial de Energia Eólica, e diretor presidente do CBEE - Centro Brasileiro de Energia Eólica; Hamilton Moss, do Cepel e do Cresesb -Centro de Referência para Energia Solar e Eólica; Jorge Antônio Villar Ale, da PUC-RS e do Nutema - Núcleo Tecnológico de Energia e Meio Ambiente; Sérgio Marques, da Bioenergy; Antônio Carlos Fraga Machado, da CCEE - Câmara de Comercialização de Energia Elétrica; João Carlos Mello, da Andrade Consultoria e Engenharia; e Pablo Fernandez da Ecosecurities.

Mais informações no site http://www.iir.com.br.

Fonte: Jornal da Ciência

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2007

Receita para acabar com um rio:
primeiro retire água do rio a uma vazão de 127.000 litros por segundo, depois eleve a água a uma altura de 160 metros e a partir daí faça com que ela percorra 2000 quilômetros a céu aberto. (projeto para a transposição do Rio São Francisco). Quando o rio estiver capengando com menos água, instale uma central nuclear com 3 usinas e utilize a água do rio para resfriar os reatores. Não se preocupe se ainda tiver muita água no rio pois serão necessários de 300 a 1000 litros por segundo para resfriar um reator nuclear.

Mário Araújo Neto

Nova central nuclear pode ficar às margens do Rio São Francisco

Nicola Pamplona
O Estado de S. Paulo
11/2/2007

Água usada para resfriar os reatores volta mais quente para o local de onde foi retirada; por isso o local é adequado

As margens do Rio São Francisco são o lugar ideal para a instalação de uma das centrais nucleares previstas no novo programa nuclear brasileiro, segundo avaliação da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN). Com grande fluxo de água, o rio permitiria o resfriamento dos reatores das usinas sem maiores danos ao ecossistema, explica o presidente da instituição, Odair Gonçalves. O projeto prevê a instalação de uma central com até três usinas na região, carente no abastecimento de energia.A água usada para resfriar os reatores volta mais quente para o local de onde foi retirada. Por isso, diz Gonçalves, é necessária uma fonte com fluxo suficiente para diluir a água aquecida. Em Angra, com a central localizada na costa, o resfriamento é feito com água do mar.

O programa prevê a instalação de uma terceira central, também com até três usinas, em local não definido. O número de plantas em cada uma ainda não está fechado, mas a idéia é ampliar em pelo menos 4 mil megawatts o parque nuclear brasileiro, hoje com 2 mil MW de Angra 1 e 2 mais a possibilidade de 1,3 mil MW de Angra 3.“O Brasil pode ser totalmente auto-suficiente em energia nuclear, já que tem grandes reservas de urânio e domina a tecnologia para a produção do combustível”, diz o diretor de comunicação da Associação Brasileira de Energia Nuclear, Edson Kuramoto, repetindo um dos principais argumentos dos defensores da tecnologia. De fato, o País tem a sexta maior reserva mundial de urânio, com apenas 30% do subsolo pesquisado.Segundo Gonçalves, as reservas atuais são suficientes para abastecer todas as usinas do programa proposto por 60 anos. “Há uma fila de parceiros internacionais querendo nos ajudar a desenvolver o setor, em troca de urânio.”

POLÊMICA

O debate em torno do plano, porém, deve provocar polêmica. Gonçalves sabe disso e evitou falar sobre os locais propícios ao depósito dos rejeitos de alta atividade, que podem levar milhares de anos para deixarem de ser radioativos. O executivo disse que o ideal é que sejam rochas de granito. “Definido o local, é preciso iniciar uma etapa de discussões com a sociedade sobre compensações.”

Defensores da tecnologia afirmam que o volume de rejeitos gerados é muito pequeno, o que facilita a armazenagem. “Há ainda um processo em desenvolvimento, chamado de incineração, que reduz para até 100 anos o tempo de radiação”, acrescenta Kuramoto.

No caso das usinas de Angra 1 e 2, os rejeitos estão estocados dentro dos reatores, em piscinas construídas especialmente para esse fim, que ainda têm capacidade para absorver os rejeitos de uma década de operação. “Os EUA têm 104 usinas nucleares e apenas um depósito de rejeitos”, ressalta Gonçalves.

A tecnologia gera dois outros tipos de rejeitos, de baixa e média atividade. Hoje, ambos são estocados nos terrenos da central de Angra, por falta de legislação específica. A CNEN opera um grande depósito de rejeito nuclear proveniente de atividades hospitalares e industriais na região metropolitana de Goiânia, onde estão os rejeitos de Césio 137 que foram encontrados por sucateiros em um hospital da cidade e contaminaram mais de uma centena de pessoas em 1987.

Pela proposta da CNEN, a construção das novas usinas seria feita pela Eletronuclear, uma vez que o setor é considerado, pela legislação brasileira, monopólio estatal. O executivo diz que a empresa está com boa saúde financeira e já poderia assumir as obras de Angra 3. Em visita ao Brasil esta semana, a ministra de Comércio Exterior da França, Christine Lagarde, afirmou que a companhia francesa Areva pode participar do projeto, que demandará investimento de R$ 7 bilhões.

EXPLORAÇÃO

Segundo o programa, a Indústrias Nucleares Brasileiras continua responsável pela mineração de urânio e produção dos elementos combustíveis. A empresa voltaria a explorar o subsolo brasileiro, em busca de novas reservas do mineral. “Há 20 anos não perfuramos um poço com esse objetivo”, diz o presidente da CNEN. Estima-se que o Brasil tenha ainda 800 mil toneladas de urânio a descobrir, o suficiente para quadruplicar as reservas conhecidas hoje.

Para que o plano seja posto em prática, diz Gonçalves, o governo terá de investir em mão-de-obra especializada. Segundo ele, a idade média dos funcionários da CNEN, por exemplo, está em torno dos 50 anos e há poucos jovens entrando nesse mercado.

PLANO NUCLEAR PREVÊ 6 NOVAS USINAS

Nicola Pamplona
O Estado de S. Paulo
11/2/2007

A proposta de retomada dos investimentos em energia nuclear no Brasil prevê, além da conclusão de Angra 3, uma nova usina a cada três anos, até que a tecnologia responda por 5% do parque gerador. Está prevista a construção de 4 a 6 usinas, a partir da próxima década, até 2030, em duas centrais de porte semelhante à de Angra dos Reis.

Esse é o teor do programa de energia nuclear ao qual o Estado teve acesso, já encaminhado para avaliação do governo, segundo o presidente da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), Odair Gonçalves. A primeira central seria instalada no Nordeste e a segunda, em local a ser definido.

A viabilidade do programa, porém, depende da decisão sobre a retomada das obras de Angra 3, remanescente do programa nuclear da década de 70, com capacidade de 1,3 mil megawatts (MW). O tema seria discutido em reunião do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) no dia 31, que foi adiada. Técnicos do setor acreditam que, após os alertas sobre o aquecimento global, a tecnologia ganha espaço ante alternativas como petróleo e carvão.

Responsável pela formulação de políticas e fiscalização do setor nuclear brasileiro, a CNEN elaborou um projeto detalhado sobre o futuro da tecnologia no País. Nele, diz Gonçalves, há soluções para problemas polêmicos, como o destino dos rejeitos radioativos - principal crítica de grupos ambientalistas - e fontes de recursos para o desenvolvimento das tecnologias necessárias.

Segundo o executivo, o Brasil deve se tornar exportador de urânio para financiar os US$ 500 milhões necessários em equipamentos para produzir combustível nuclear para todas as centrais. Atualmente, apenas 6% das necessidades das usinas de Angra 1 e 2 são totalmente produzidas no Brasil.

“O tema é polêmico”, admite o presidente da CNEN. “Mas precisa ser aprovado ainda neste governo, já que leva tempo para construir usinas.” Gonçalves trabalha com o prazo do Plano Nacional de Energia 2030, elaborado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), que lista a energia nuclear como alternativa para a geração de 4 mil MW novos no período.

No setor, é dada como certa a aprovação de Angra 3 na próxima reunião do CNPE, o que abriria espaço para as discussões sobre as novas centrais. “Está na hora de o Brasil debater o tema”, concorda o físico Luiz Pinguelli Rosa, do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas.

Atualmente, a ministra de Meio Ambiente, Marina Silva, é a única voz contrária à conclusão do projeto no conselho, formado por sete ministros, um representante dos Estados e dois da sociedade civil. A ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, teria mudado de opinião após a divulgação de novos cálculos sobre o preço da energia de Angra 3, a R$ 138 por MWh, próximo dos padrões dos últimos leilões de energia.

Biocombustíveis - A Chance do Brasil

O Estado de S. Paulo
11/2/2007

Em seu plano estratégico a Petrobrás faz uma aposta ousada: até 2011 ela vai suplantar os EUA e passará a ser líder mundial de vendas de biocombustíveis, com a produção nacional de etanol e biodiesel. Para alcançar essa meta a estatal já começou a agir: 1) Acaba de montar a empresa japonesa Nipaku, em sociedade com estatal Nippon Alcohol Hanbai, que vai comercializar o etanol brasileiro no Japão e em outros países da Ásia; 2) decidiu construir um alcoolduto de 600 km, entre a Região Centro-Oeste e São Paulo, para transportar o etanol até o Porto de Santos e daí exportar para o mundo; 3) além de duas plantas-piloto em produção, busca parcerias privadas para montar mais três fábricas de biodiesel e ampliar a produção em mais 150 milhões de litros; 4) neste momento intensifica as pesquisas técnicas para utilizar mamona e pinhão manso na produção de biodiesel.

“Aqui temos matéria-prima, cana-de-açúcar e oleaginosas, mercado combustível, logística de distribuição em todo o País, máquinas e tecnologia própria e uma indústria automotiva tecnicamente preparada para usar gasolina e álcool simultaneamente”, lembra o presidente da Petrobrás, José Sérgio Gabrielli. “E tem mais: 30 anos de Proálcool, 300 produtores e longa experiência em exportação colocam o Brasil na dianteira do etanol. Daí a atingirmos a liderança mundial não é nenhum sonho”, avalia Gabrielli.

Falar em liderança mundial e desbancar os EUA quando o presidente Bush lança o desafio de, em dez anos, substituir 20% da gasolina consumida nesse país por combustíveis renováveis pode até não ser sonho, mas se o Brasil fizer as coisas certas, o governo regular o mercado com regras claras, garantir que a expansão da lavoura de cana e de oleaginosas não se dê à custa de devastação de florestas ou da escassez e do encarecimento de alimentos. E é fundamental, indispensável, abolir o antiamericanismo ideológico, que, além de atrasado, como definiu o ex-embaixador Roberto Abdenur, é bobo, burro e contra os interesses do Brasil. Sozinhos, os EUA não têm condições de multiplicar por sete sua produção de etanol para suprir a substituição dos 20% de gasolina. Por isso o presidente Bush vem pessoalmente negociar com Lula parceria na produção de etanol, mirando a garantia de suprimento futuro dos EUA. A preponderância brasileira é reconhecida entre os norte-americanos, tanto que o o jornal The Wall Street Journal chamou recentemente o Brasil de “Arábia Saudita do álcool”.

Apesar das advertências do Protocolo de Kyoto, em 1997, a demanda por energia limpa no mundo pouco cresceu. Hoje, além de EUA e Brasil, só Alemanha, Suécia, Índia e Colômbia misturam álcool à gasolina e poucos outros países têm programas de produção de biocombustíveis em implementação.

Mas essa pasmaceira global pode mudar agora, com a divulgação do relatório da ONU sobre aquecimento global, que estarreceu o mundo. Diante do preocupante quadro descrito pelos cientistas, muitos países passaram a se preocupar com a saúde do planeta e de seus habitantes. A França, por exemplo, passou a vincular acordos comerciais a cláusulas ambientais. Essa demanda por energia limpa e o preço do petróleo acima de US$ 50/barril, sem dúvida, criam um novo mercado para fontes renováveis de energia e abrem uma enorme janela de oportunidades para o Brasil, que nesta corrida leva a vantagem de 30 anos de estrada do Proálcool e um programa de biodiesel em plena evolução.

Na última quarta-feira, o ministro Celso Amorim combinou com o subsecretário americano para Assuntos Políticos, Nicholas Burns, uma reunião, até o final deste mês - portanto, antes da visita de Bush -, entre Brasil, EUA, Índia, China, União Européia e África do Sul para discutir a padronização global para o etanol, etapa obrigatória para este produto virar commodity e ser negociado em Bolsas no mundo inteiro, competindo com o petróleo.

“Vamos liderar, sem nenhuma dúvida. No mundo inteiro há uma enorme curiosidade pelo nosso álcool porque, além de pioneiro, o Brasil é o único país no mundo com um programa massivo, que ocupa 40% do mercado de combustíveis.” Gabrielli exagera, é verdade. Mas o Brasil não pode perder esta chance.

*Suely Caldas é jornalista. E-mail: sucaldas@terra.com.br

Fonte: Clipping Ministério do Planejamento


Valor da CCC para este ano é 36,6% menor do que em 2006

O valor total de R$ 2,870 bilhões para as quotas anuais da Conta de Consumo de Combustíveis Fósseis (CCC) para 2007 foi aprovado esta semana pela diretoria colegiada da Aneel. O montante é 36,6 % menor do que os R$ 4,525 bilhões fixados no ano passado. A decisão deverá resultar em reajustes tarifários menores. A Agência estima redução de até dois pontos percentuais, em média, nas tarifas das distribuidoras que serão calculadas pela Aneel ao longo deste ano.
A CCC é um encargo que subsidia a compra do óleo diesel e do óleo combustível usado na geração de energia por usinas termelétricas que atendem as comunidades isoladas da região Norte. A Conta, instituída pela Lei nº 5899/1973, é paga pelos consumidores de energia elétrica de todo o país.
A diminuição do montante da CCC é resultado das ações de fiscalização e regulação da Aneel que exigiram maior eficiência na operação das usinas e menor custo na aquisição dos combustíveis utilizados na geração. Em conseqüência, houve aumento na participação do óleo combustível, de menor preço, em substituição ao óleo diesel.
Outro fator que contribuiu para o valor da Conta projetada para este ano foi a redução gradativa dos custos com ICMS incidente sobre a compra dos combustíveis, prevista na Lei nº 10.833/2003. Neste ano, a economia na CCC com o ICMS é de aproximadamente R$ 280 milhões.

Fonte: Boletim Energia 256 ANEEL
Biomassa poderá responder por até 25% da energia no mundo, avalia especialista

O Brasil precisa se esforçar para não perder a primazia adquirida no campo da bioenergia -mas, ao mesmo tempo, não pode desprezar opções como as hidrelétricas, a grande aposta do governo hoje.
A opinião é de José Goldemberg, ex-secretário de Estado de Meio Ambiente de São Paulo e um dos maiores especialistas em energia do país.
Ele assina um artigo na edição especial sobre o tema na revista "Science" da última sexta-feira, e defende que outras fontes de energia renovável, como a eólica, não são boas opções para o país. O mesmo vale para a energia nuclear, outra aposta do governo, da qual Goldemberg é opositor histórico.
"Temos outras fontes melhores. Mesmo em termos mundiais, isso pode gerar alguns efeitos indiretos perigosos. Apoiar a energia nuclear pode ajudar países como o Irã ou a Coréia do Norte a desenvolverem suas armas nucleares", disse Goldemberg à Folha.
No caso da energia eólica, diz, "a região boa para isso está apenas lá no Nordeste. Ao contrário da Dinamarca, que já tem 20% de sua energia gerada a partir dos ventos".
Para o ex-secretário, professor aposentado da USP, o Brasil tem uma liderança muito grande no campo do etanol e não pode perdê-la.
"A biomassa, no futuro, poderá responder por 20% ou 25% da matriz energética mundial, ao contrário dos 13% de hoje. E dentro disso, o etanol brasileiro, feito de cana-de-açúcar, é muito melhor em termos de balanço energético [relação entre a energia usada para produzir a energia e a que é realmente disponibilizada no fim do processo] que o de milho, usado nos Estados Unidos", afirma.
Fonte: Folha de São Paulo
Bagaço pode virar álcool a partir de 2009

Brasil entra na corrida para dominar a quebra química da celulose, o que pode elevar a produção de etanol em até 50%

Segundo pesquisador da Unicamp, país tem situação privilegiada devido ao baixo custo da matéria-prima e ao programa do álcool

EDUARDO GERAQUE
DA REPORTAGEM LOCAL
Fonte: Folha de São Paulo

O Brasil disputa para valer a corrida tecnológica que decidirá quem vai conseguir tirar etanol de celulose. A partir de 2009, o país poderá ter dominado uma via de obtenção da energia contida no bagaço e na palha da cana-de-açúcar, afirma um cientista da Unicamp.
Em tempos de aquecimento global, a obtenção do álcool de celulose -que pode ser obtida até mesmo do papel e de parte do lixo orgânico- tem uma elevada importância estratégica.
"No caso do Brasil, onde há uma situação privilegiada de custo de matéria-prima, existem grandes chances de viabilizar a hidrólise ácida comercialmente de dois a cincos anos" afirmou à Folha Carlos Rossell, do Nipe (Núcleo Interdisciplinar de Planejamento Energético) da Unicamp.
Para o especialista, todo o esforço feito nas últimas décadas com o etanol é que coloca o Brasil na posição de liderança. "Hoje, por exemplo, estamos em uma posição mais vantajosa do que os EUA na produção dos biocombustíveis."
A própria visita ao Brasil do presidente George W. Bush, marcada para 9 de março -e cujo principal tema devem ser os biocombustíveis-, sustenta a opinião do pesquisador.
Em São Paulo, representantes do governo americano disseram na semana passada que a pesquisa e o desenvolvimento de biocombustíveis podem ser o "eixo simbólico" de uma parceria "nova e mais forte" entre o Brasil e os Estados Unidos.
Para o Rossell, que também faz consultorias para empresas do setor sucroalcooleiro, o Brasil terá seu próprio modelo de hidrólise da celulose. "Isso não é uma questão de nacionalismo. Teremos um modelo próprio, porque nossas condições são especiais", explica.
Um das dificuldades hoje na fase da hidrólise da celulose é evitar o surgimento de substâncias que depois vão dificultar o processo de fermentação.

Guerra tecnológica
A hidrólise ácida (a quebra da longa molécula de celulose em açúcares por meio de substâncias químicas) é uma das vias que estão sendo estudadas para produzir álcool de celulose.
A outra é a chamada hidrólise enzimática. Por essa via, que imita a natureza, o ataque à celulose é feito por enzimas (grandes biomoléculas).
"A hidrólise enzimática hoje é a que tem o maior potencial de conversão. O problema é que não há enzimas disponíveis capazes de fazer a transformação", explica Rossell.
Segundo o pesquisador, o histórico do processo de produção com a hidrólise ácida é muito mais antigo. "Ele vem desde a 2ª Guerra Mundial. O que se faz agora é tentar adaptar o processo para que essa produção possa ter escala comercial, o que nunca foi feito".
Pelos cálculos de Rossell, a hidrólise poderá ajudar muito o país na sua vontade de produzir etanol, sem ter de aumentar muito a área plantada. O modelo dele emprega como base uma destilaria capaz de produzir de 1 milhão de litros ao dia.
Desde que a geração de resíduos seja otimizada - hoje a palha, por exemplo, é quase toda queimada no campo- haverá 240 toneladas de biomassa celulósica para ser utilizada. Superadas as barreiras tecnológicas, esse total pode ser convertido em quase 500 mil litros de álcool, calcula o cientista.
Apesar dessa aposta na hidrólise ácida, nada deve ser descartado, segundo Rossell. Até mesmo a opção de alguns países da Europa e dos Estados Unidos, que integraram a fase da quebra da celulose no mesmo processo da fermentação (SSF, na sigla em inglês) merece atenção. "Na pesquisa científica, nós temos que aproveitar o que é feito lá fora, e vice-versa", lembra Rossell.
Energia brasileira para o futuro global

Por Fábio de Castro

Agência FAPESP – A edição da Science desta sexta-feira (9/2) tem como destaque um dossiê sobre sustentabilidade e energia. O consumo energético global é considerado pela revista como “o maior desafio para um futuro sustentável”.

Os editores da publicação norte-americana ressaltam a dependência mundial dos combustíveis fósseis não-renováveis que foram e continuarão a ser a principal causa da poluição e das mudanças climáticas. “Esses problemas e a crescente escassez das reservas de petróleo tornam cada vez mais urgente a viabilização de energias alternativas”, afirmam.

A edição enfoca alguns dos desafios e esforços necessários “para que a energia sustentável seja mais efetiva em escala suficiente para fazer diferença”. Segundo o editorial, várias das questões fundamentais ligadas ao tema “requerem grandes esforços de pesquisa em áreas que ainda têm pouco investimento”.

Os 22 artigos da seção especial da edição tratam de avanços científicos e de perspectivas em tópicos como energia solar, biocombustíveis, células de hidrogênio, energia fotovoltaica, seqüestro de carbono e produção de combustíveis a partir de microrganismos.

Em um dos textos, Nathan Lewis, da Divisão de Química do Instituto de Tecnologia da Califórnia, nos Estados Unidos, afirma que a conversão direta da luz do sol, com células de energia solar, em eletricidade ou hidrogênio esbarra nos altos custos, independentemente de sua eficiência intrínseca.

Mike Himmel, do Departamento de Bioquímica da Universidade do Estado do Colorado, explica como a União Européia planeja produzir um quarto de seus combustíveis a partir de biomassa até 2030. Em outro artigo, Janez Potocnik, diretor de Ciência e Pesquisa da Comissão Européia, discute como os europeus estão estabelecendo metas e alocando recursos para energias alternativas.


Brasil em primeiro plano

Um dos destaques do dossiê é o artigo Etanol para um futuro de energia sustentável, de José Goldemberg, secretário do Meio Ambiente do Estado de São Paulo. O combustível comum nos postos brasileiros é apontado pela revista em editorial como a “principal alternativa energética viável a curto prazo”.

Para o físico Goldemberg, também professor do Instituto de Eletrotécnica e Engenharia da Universidade de São Paulo (USP), o destaque para o Brasil na edição da Science mostra que a comunidade científica norte-americana percebeu as vantagens do etanol baseado em cana-de-açúcar em relação ao combustível produzido a partir do milho. A Science é publicada pela Sociedade Norte-Americana para o Avanço da Ciência (AAAS, na sigla em inglês).

“Eu não submeti o artigo à apreciação dos editores. Eles entraram em contato e solicitaram a contribuição, o que é raro nesse tipo de publicação. Isso mostra que os norte-americanos se conscientizaram de que o etanol de cana-de-açúcar é um caminho promissor”, disse Goldemberg à Agência FAPESP.

Goldemberg defende que o programa brasileiro, iniciado na década de 1970, seja replicado em outros lugares do mundo. Ele explica que o etanol de cana-de-açúcar é sustentável por consumir, em sua produção, muito menos combustível fóssil que o de milho.

“Além disso, o milho cria uma competição direta entre o uso para alimento e para combustível, o que é um efeito perverso. Com a produção atual de etanol, o preço do milho já subiu, encarecendo o produto inclusive no México, onde é a base da alimentação”, disse.


Combustível para exportação

Segundo Goldemberg, se o modelo brasileiro for replicado em outros países, o Brasil poderá tirar proveito da exportação do produto. “O etanol não contribui para o efeito estufa, por isso os países europeus e o Japão, por exemplo, teriam interesse em importar do Brasil para reduzir suas emissões. No momento há muitas barreiras alfandegárias, mas a necessidade de combater o efeito estufa deverá baixá-las”, disse.

Em seu artigo, Goldemberg aponta que a produção de etanol de cana-de-açúcar no Brasil é de 16 bilhões de litros por ano, o que requer cerca de 3 milhões de hectares de terra. “A competição pelo uso da terra para produção de comida e combustível não tem sido substancial: a cana cobre 10% do total de terras cultivadas e 1% das terras disponíveis para agricultura no país. A área total de plantações (para açúcar e etanol) corresponde a 5,6 milhões de hectares”, conta.

O cientista afirma que a produção de etanol a partir da cana-de-açúcar pode ser replicada em outros países sem grandes prejuízos para os ecossistemas naturais. Em todo o mundo, cerca de 20 milhões de hectares são usados para plantio de cana-de-açúcar, na maior parte para produção açucareira.

“A expansão da produção nos moldes do programa brasileiro de etanol, com um acréscimo de 30 milhões de hectares no Brasil e em outros países, seria suficiente para que o etanol substituísse 10% da gasolina usada no mundo. A área corresponde a uma pequena fração dos 2 bilhões de hectares de áreas cultivadas em todo o mundo”, explicou.


Importância ambiental

Goldemberg afirma que a expansão do uso do etanol não deverá pressionar o meio ambiente. “Existem amplas possibilidades de expandir sem precisar usar áreas que envolvam degradação. Em São Paulo, a produção de cana-de-açúcar ocorre em áreas já degradadas e ainda há espaço para duplicar ou triplicar a produção usando só essas áreas.”

O biodiesel, de acordo com o professor, representa perigo ambiental iminente. “O problema é que ele está sendo produzido a partir da soja. É preciso procurar outras culturas, como dendê ou pinhão-bravo. A soja, ao contrário da cana-de-açúcar, é cultivável na Amazônia. Permitir que o programa seja dependente da soja é um grande perigo”, afirmou.

Em seu artigo, Goldemberg destaca que mais de 80% do total da energia utilizada do mundo é proveniente de combustíveis fósseis, que pouco mais de 6% correspondem à energia nuclear e que apenas cerca de 13% vêm de energias renováveis. “Mas boa parte dessa biomassa é usada de maneira não renovável. A grande oportunidade que temos é modernizar o uso de biomassa, e isso é o que está sendo feito com o etanol e o biodiesel”, disse.

O dossiê pode ser lido por assinantes da Science em www.sciencemag.org.

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2007

RELATÓRIO OFICIAL APONTA RISCO DE APAGÃO COM PIB ACIMA DE 4%

Lu Aiko Otta e Leonardo Goy
O Estado de S. Paulo
28/1/2007

Para secretaria do Ministério da Fazenda, País não suportaria crescimento acima de 3,5% entre 2008 e 2010

Se o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) der certo e a economia alcançar taxas de expansão na casa dos 5%, o País corre o risco de um novo apagão. É o que informa um relatório confidencial da Secretaria de Acompanhamento Econômico (Seae) do Ministério da Fazenda, ao qual o Estado teve acesso.

O documento, que circulou quando o PAC estava em preparação, diz que um crescimento de 4% entre 2007 e 2010 só será sustentável se todas as usinas hidrelétricas programadas para entrar em funcionamento no período ficarem prontas no prazo e não houver problemas no abastecimento de gás natural para as térmicas. Caso contrário, o consumo de energia ficará acima dos níveis considerados seguros para o fornecimento, que embutem uma margem de segurança de 5% na capacidade das usinas.

Em outras palavras, o crescimento acelerado não obrigatoriamente levará ao apagão, mas fará com que o sistema elétrico opere no limite. Bastará um ano de chuvas fracas, um crescimento inesperado no consumo ou um problema no abastecimento de gás para que o País enfrente novo racionamento.

“Esse déficit (entre o consumo e a chamada energia assegurada) não significa a necessidade de decretar um racionamento, mas que seu risco é elevado”, alerta o relatório. “É necessário que as autoridades competentes atentem para o aumento do risco sistêmico.” O PAC, anunciado na semana passada, ataca alguns problemas levantados pelo documento.

Os técnicos que elaboraram o relatório não chegam ao ponto de afirmar a partir de quando o risco de apagão é mais elevado. Em vez disso, citam dois estudos, um da consultoria PSR e outro da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

No primeiro, o consumo passaria a ficar acima da energia assegurada a partir de 2008, quando a deficiência seria de 0,6%, subindo para 2,2% em 2009 e 2,5% em 2010. Essa projeção é feita num cenário mais provável, no qual são esperados problemas no abastecimento de gás e com a perspectiva otimista de crescimento anual de 4%. Já a UFRJ prevê que, se a economia crescer 4,75% ao ano, o risco de racionamento será superior a 5% já em 2009.

“A economia brasileira não suportaria uma taxa de crescimento superior a 3,5% entre 2008 e 2010 mantendo os riscos de suprimento em patamares aceitáveis”, diz o relatório, comparando as conclusões dos dois estudos. “Diante dessas projeções, ganha especial relevância a questão do que ocorrerá se o Brasil apresentar taxas de crescimento mais elevadas. Deve ser ressaltado que agentes privados acreditam que a escassez de energia restringirá esse crescimento.”

PREÇOS

O relatório sugere a elevação da tarifa de algumas das novas geradoras de energia como forma de atrair o investimento privado. Em outubro, o governo levou a leilão a autorização para construir sete usinas hidrelétricas. Duas delas, Cambuci e Barra do Pomba, ambas no Rio de Janeiro, não atraíram interessados porque a taxa de retorno do empreendimento foi considerada baixa.

“Há que se verificar a estrutura de preços negociados nos leilões, de forma a analisar a viabilidade econômica dos empreendimentos, pois alguns agentes não têm participado sob a alegação de que o preço teto é baixo”, diz o documento. Mais adiante, observa: “Se, por um lado, isso (o preço baixo) favorece a modicidade tarifária, por outro implica alocação de capital público em setor que poderia captar recursos privados”. Os autores observam que a transparência e a estabilidade de regras são condições para um ambiente saudável ao investimento privado. “Essa é uma condição importante para acelerar o crescimento econômico, minimizando os riscos e, conseqüentemente, os custos de novos investimentos.”